Paris still Burning? – sobre o que a noção de performatividade de gênero ainda pode dizer a um Cinema Queer
Resumo
O presente artigo pretende, desde Butler, Foucault e os estudos sobre cinema, ensaiar algumas apostas conceituais, a partir de três momentos chaves: no primeiro, Paris still Burning?, pretendemos recuperar as leituras que Judith Butler, em Bodies that Matter (1993) e bell hooks, em Black Looks: race and representation(1992) fazem do filme Paris is Burning (1990), da diretora Jennie Livingston para, mais que contrapô-las, buscar os elementos que fazem do filme um lugar, ainda hoje, importante para pensar as questões ligadas à performatividade de gênero, especialmente aquelas relacionadas ao cinema e à Teoria Queer; no segundo,Burning Gender, recuperamos especificamente o conceito de “performatividade de gênero”, em Butler, na tentativa de mostrar como tal elaboração epistemológica contribuiu, sobremaneira, não só para uma revisão do que se considerava até então o sujeito político do feminismo, mas, também, para a constituição do pensamentoqueer, que se formula e se consolida a partir daí; no terceiro, Burning Cinema, queremos apostar, mesmo que ainda de forma inicial, em como a noção de performatividade de gênero pode ser tomada para pensar um paralelo entre o cinema e a performance drag, isto é, se uma paródia de gênero pode ser subversiva, no sentido não de uma repetição de normas para fortificá-las, mas para apresentar possibilidades de contestação dessas mesmas normas, poderia o cinema, ao parodiar a impressão do real, desestabilizar a própria noção de realidade? Noção essa que, lembremos, ao ser entendida como pré-discursiva, exterior e anterior às tramas de saber-poder, institui e estabiliza normas, verdades, identidades, materialidades e todo o campo teórico-conceitual que os estudosqueer efetivamente querem tensionar.
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