RELAÇÕES DE PODER SOBRE OS CORPOS INFANTIS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE LAVRAS-MG
Resumo
Este trabalho teve como objetivo analisar as relações de poder subjetivadas nos corpos infantis e presentes no cotidiano de uma escola pública de Lavras – MG, a partir de um olhar sistematizado sobre a realidade visando desvelar as formas pelas quais os comportamentos sociais são transmitidos e apropriados, bem como as justificativas que os sustentam. Ao considerarmos que a escola tem a função social de preparar os indivíduos para a vida em sociedade, se encarregando de transmitir além de conhecimentos; valores, crenças e normas, entendidas como componentes da cultura, é importante verificar qual o lugar e os significados que esse corpo ocupa neste ambiente educacional. Para tanto, utilizamos o método etnográfico que se volta para o estudo da cultura e o adaptamos para podermos descrever a rotina escolar e observar o tratamento dado aos corpos infantis nos “rituais”. Após a coleta em situações de sala de aula, lanche e recreação, optamos por utilizar um referencial foucaultiano para interpretação dos dados, criando algumas categorias de análise, tais como: controle dos corpos, governamentalidade, gênero e sexualidade, resistência, intimidação, entre outras. As principais evidências indicaram a ineficiência dos mecanismos de disciplinarização desempenhados na escola para educar os corpos infantis, tendo em vista os frequentes desvios das crianças às normas e as incoerências que as sustentam, gerando conflitos diários. Além de reproduzir a incompreensão sobre a educação do corpo infantil no contexto escolar, o estudo indica ainda a necessidade de pensarmos formas de governo centradas nas características atuais das crianças que se quer formar, para isso torna-se imprescindível à capacitação de professores e funcionários.
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